MÁRIO LAGINHA TRIO - ESPAÇO

SÁB 22 NOV 21H30

MÚSICA 5,00€ | 3,50€ [C/DESC. HABITUAIS] | PASSE GERAL ESTARREJAZZ 7,50€ | 5,00€ [C/DESC. HABITUAIS]
ESTARREJAZZ’08 | M/3

Piano: Mário Laginha
Contrabaixo: Bernardo Moreira
Bateria: Alexandre Frazão 

 

Mário Laginha, a música e a arquitectura.

No seu mais recente disco - Espaço - Mário Laginha explora os pontos de contacto, as coincidências conceptuais e as “inspirações” mútuas entre duas disciplinas nobres: a música e a arquitectura. “Espaço, ou a ausência dele, estruturas regulares e irregulares, linhas contínuas e descontínuas, superfícies planas ou distorcidas” serviram, confessa Mário Laginha, como fontes inspiradoras dos oito temas deste seu novo trabalho. Um conjunto de temas que, estando fortemente influenciado pela arquitectura, nem por isso deixa de ter a marca inconfundível do seu autor.

O pianista partilha a sua nova aventura musical com dois dos instrumentistas que o têm acompanhado regularmente nos últimos anos, designadamente nas gravações e em numerosos concertos da dupla que Mário Laginha mantém com a cantora Maria João. Bernardo Moreira e Alexandre Frazão são músicos que “gostam de arriscar” e para quem “o acto de tocar tem sempre de ser um acto de prazer, e, se possível mais, um momento de felicidade”, considera o pianista.

Mário Laginha Trio

Este trio é formado, para além de Laginha, por Bernardo Moreira no contrabaixo, e Alexandre Frazão na bateria, uma secção rítmica de excepção, com bastantes provas dadas, o que faz com que este trio seja um grupo de altíssima qualidade. Deles, Laginha diz serem músicos em que o acto de tocar tem sempre de ser um acto de prazer, e se possível mais, muito mais que isso, um momento de felicidade.

Eles gostam de experimentar e de arriscar. Para eles, os riscos são até um dos estímulos que os fazem, no momento em que sobem para o palco, sentir que estão vivos. Este trio está unido por fortíssimos laços de amizade e uma enorme cumplicidade musical que se tem desenvolvido e manifestado em mais diversas formações e nos mais variados contextos. Isso é bem visível na forma como actuam.

Nas palavras do autor

A arquitectura tem vindo a ser para mim uma descoberta. E tem-se tornado num fascínio. Por isso este cruzamento com a música, proposto pela Trienal, se torna tão atraente e motivador. O desafio agora será compor para um trio clássico como este (piano, contrabaixo e bateria) relacionando a música quer com o espaço e o seu respectivo universo acústico, quer com a forma, ou a arte de delimitar esse mesmo espaço.

No caminho – que terminará com o disco e o concerto – irei procurar estabelecer as mais variadas relações entre a música e a arquitectura (espero escapar às mais óbvias) de uma forma que possa ser estimulante para quem as ouvir. O facto de não saber, ainda hoje, qual o destino dessa procura, ou viagem, só aguça a minha curiosidade pelo percurso.
Mário Laginha

Um dos grandes discos de 2007. Por Paulo Barbosa. in ípsilon, Público,08/06/2007 - Crítica a "Espaço", de Mário Laginha Trio

Mário Laginha e a arquitectura dos sons . Por Manuel Jorge Veloso, in DN,30/06/2007 - Crítica a "Espaço", de Mário Laginha Trio

"A minha geração aprendeu jazz a tocar com discos". Por Rui Banco, in JN,11/07/2007 - Entrevista a propósito de "Espaço", de Mário Laginha Trio

Crítica a "Espaço", de Mário Laginha Trio. Por R.V.B., in actual, Expresso, 11/08/2007



Mário Laginha – uma biografia
Autobiografia (muito sucinta)

Mário Laginha é pianista e compositor. Nasceu em Lisboa, em 1960.
Às vezes é feliz.
 
Biografia (nada sucinta)

Ó Mário João, vai lá tocar um bocadinho
Mário João Laginha dos Santos nasceu em Lisboa, no dia 25 de Abril de 1960.
Da infância guarda bem a imagem do 1º piano vertical que recebeu aos 5 anos. Nessa altura começou a ter aulas particulares, nas quais o repertório clássico se misturava com valsas e modinhas pedidas pelo avô. Sonhava em ser pianista. Mas o sonho tinha momentos menos agradáveis como os recitais de sábado à tarde, exigidos pela escola, perante um plateia de familiares, amigos e professores: “Ó Mário João, vai lá tocar um bocadinho!” O problema é que, para além de pianista, o rapaz também não desdenhava vir a ser bombeiro ou médico...

Guitarradas
Cansado de recitais e demonstrações de menino-prodígio, Mário, o rapaz, passou o piano para 2º plano e pediu ao pai uma guitarra.
Surgia Mário João Santos, o guitarrista, autodidacta, futuro Paco de Lucia português!

Rumo às Olimpíadas
Entre as cordas da guitarra e do piano havia ainda Mário Santos, o ginasta. Seis aparelhos, 4 horas de treino por dia. Se as Olimpíadas não quisessem nada com ele, havia sempre a hipótese de tirar o curso do ISEF (Instituto Superior de Educação Física) e ser professor de ginástica. Uma hipótese encarada com seriedade, não fosse o ginasta ter-se cruzado com Keith Jarrett na televisão.

Cliques
O 1º clique que fez com que Mário, o adolescente, regressasse ao piano chegou por intermédio dos Genesis. Como? Os colegas descobriram um piano no ginásio da escola. Tentavam tocar uma música daquela banda, mas não estava a correr muito bem. Mário ofereceu-se para tentar e perante o espanto dos colegas, que não suspeitavam que o amigo sabia tocar piano, a música tomou a forma desejada. Choveram elogios. Click!
O 2º e definitivo clique é da responsabilidade de Keith Jarrett. Um concerto na televisão fê-lo descobrir que era mesmo aquilo que queria fazer, tocar assim, como aquele homem que não conhecia, nem sabia porque o fascinava tanto. Tocar aquela música, que descobriu, depois, ser o tal do jazz.
 
À descoberta do Jazz
Foram ficando esquecidos os Black Sabath, Deep Purple, Jethro Tull, Yes, Genesis, ouvidos então abertos para essa nova música, que chegou, em disco, pelas mãos do irmão. Dedicou-se de corpo e alma ao piano, 8 horas de estudo por dia, já sem tempo para a ginástica desportiva.
Inscreveu-se na escola de jazz “Louisiana”, em Cascais, dirigida por Luís Villas Boas. Quando Villas Boas o ouviu pela primeira vez, estava a tocar um tema que tinha ouvido por Keith Jarrett. Disse-lhe: “eh pá, você é engraçado! Isso o que é? Vamos devagarinho... Você primeiro tem que estudar os clássicos, o Bud Powell, o Bill Evans...”.
E foi mesmo assim...

O clássico, para melhorar a técnica
Estava decidido. A vida seria essa, a de tocar e escrever música, mesmo que algumas vozes fossem contra. Tentaram dissuadi-lo; ele respondeu inscrevendo-se primeiro na Academia de Amadores de Música e depois no Conservatório, onde teve como professores Carla Seixas e Jorge Moyano. Pretendia apenas adquirir alguns conhecimentos e melhorar a técnica, mas acabou por concluir o curso, com a classificação máxima, aos 25 anos. Muito tarde para uma carreira de pianista clássico, muito a tempo para continuar o percurso no jazz. Curiosamente, assim que terminou o Conservatório, o primeiro convite que teve, foi para tocar um concerto de Schumann, com a Orquestra Sinfónica, algo que nunca tinha imaginado fazer.

Primeiros trabalhos
O início não foi fácil. Para ganhar algum dinheiro, Mário Laginha, o pianista, viu-se obrigado a tocar num hotel às terças, quintas e sextas e a acompanhar músicos em estúdio.
O seu primeiro trabalho profissional foi no teatro, na peça “Baal”, de Brecht, no Teatro da Trindade. Mais tarde, voltou a trabalhar nessa área, acompanhando uma actriz brasileira, em canções de Kurt Weil.
Pelo caminho, umas incursões na Cinemateca para acompanhar filmes mudos, ao vivo, experiência não muito satisfatória, pois tinha que tocar muito tempo sem parar, nem sempre com os melhores resultados.

Em trio, quinteto, sexteto, decateto ...
O primeiro projecto “a sério”, no jazz, deu-se com a sua integração no quinteto da cantora Maria João, inicialmente intitulado Maria João & Friends. Essa formação deu origem a dois discos: Quinteto Maria João (1983) e Cem Caminhos (1985), constituídos por standards e alguns originais.
Paralelamente, Mário Laginha fundou o Sexteto de Jazz de Lisboa, com Carlos Martins, Tomás Pimentel, Edgar Caramelo e os irmãos Pedro e Mário Barreiros. Com estes últimos actuava, com alguma regularidade, em trio. Com o Sexteto ficou ainda para a memória, o disco “Ao Encontro”(1988), existente apenas em formato LP.
Durante esses anos, Laginha foi-se libertando da interpretação de standards do jazz, explorando o seu próprio universo, criando as suas próprias composições. Um dos desafios surgiu em 1987, quando com o apoio da Fundação Gulbenkian e no âmbito do Festival Jazz em Agosto, estreou o Decateto de Mário Laginha, para o qual assinou todas as composições e arranjos.
 
A dois pianos...
Conjugando sempre o jazz com o clássico (terminara recentemente o curso de piano do Conservatório), Mário Laginha continuou a apresentar-se esporadicamente em festivais de Música Clássica.
Aconteceu nessa altura a formação do duo com Pedro Burmester, um daqueles amigos difíceis de encontrar. Juntos realizaram espectáculos por todo o país, tendo sido gravado o concerto de Dezembro de 1993, no Centro Cultural de Belém, que deu origem ao disco “Duetos”. O duo mantém-se até hoje, embora sejam mais raras as suas apresentações.

Início dos 90’s
Em 1991, juntou-se ao grupo Cal Viva, do qual faziam parte Carlos Bica, José Peixoto e José Salgueiro, reencontrando-se novamente com Maria João, também convidada do grupo. Gravaram “Sol” e fizeram tournées intensas, mas divertidas, por todo o país e no estrangeiro.
Entre 1990 e 1992 Mário Laginha manteve ainda um Quarteto e um Quinteto, com os quais actuou regularmente pelo país.
Já em 1993 fundou com o pianista João Paulo Esteves da Silva, o grupo Almas & Danças, com base em gostos comuns e em algumas composições conjuntas.
“Hoje”, o primeiro disco assinado com o seu nome, é editado em 1994, com a participação de Julian Argüelles (saxofone), Sérgio Pelágio (guitarra), Bernardo Moreira (contrabaixo) e Alexandre Frazão (bateria). Dos 7 temas do disco, 6 são da sua autoria e 1 assinado por Argüelles.

Maria João e Mário Laginha
O disco Danças, lançado em 1994, já pela Verve, marcou o início de uma nova fase e de um novo duo, que persiste até hoje, com a cantora Maria João. Passados vários anos da primeira colaboração, com uma zanga pelo meio, os dois músicos empenharam-se num disco diferente, só com piano e voz. Seguiram-se-lhe, até 2005, mais 6 discos em conjunto: Fábula, Cor, Lobos, Raposas e Coiotes, Chorinho Feliz, Mumadji (ao vivo), Undercovers e Tralha. A cumplicidade entre Maria João e Mário Laginha tem feito deste encontro um dos mais felizes da música portuguesa, bem comprovado na originalidade e consistência de um duo com mais de dez anos. Para além dos trabalhos discográficos, João e Laginha têm sido convidados a integrar diversos projectos, com destaque para: o espectáculo “Raízes Rurais, Paixões Urbanas”, encenado por Ricardo Pais, em 1998, onde o fado e a música folclórica e tradicional se cruzavam com a música do duo; a colaboração com a companhia do coreógrafo Paulo Ribeiro, onde temas dos discos Fábula e Cor foram transportados para a linguagem da dança, num espectáculo estreado no P.O.N.T.I, em 1999 e intitulado “Ao Vivo”; a participação na curta-metragem “Canção Distante”, de Pedro Serrazina, no âmbito do Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura; o espectáculo “O Movimento do Som. O Som do Movimento”, em 2002, projecto de fusão entre a música e as Artes do Budô (artes marciais japonesas), realizado em conjunto com o Tenchi International, local onde a cantora pratica Aikido.

A dois pianos... no jazz
Em Agosto de 1999, num concerto integrado no Festival “Jazz em Agosto”, Mário Laginha apresentou-se em duo com o pianista Bernardo Sassetti . A fusão dos dois estilos conquistou de imediato o público e, essa primeira experiência resultou em muitas mais. Desde então, têm realizado concertos um pouco por todo o país, culminando com a gravação de um disco de originais (Mário Laginha e Bernardo Sassetti), editado em 2003, e de Grândolas (2004), disco integrado na comemoração dos 30 anos do 25 de Abril.
À parte dos seus projectos mais regulares, Mário Laginha é frequentemente convidado a participar, quer como pianista, quer como compositor, em importantes eventos culturais.
Gravou o seu primeiro trabalho a solo, CANÇÕES E FUGAS, em 2005, projecto que foi apresentado em estreia absoluta no grande auditório da Culturgest, e que tem lançamento previsto para Março de 2006.